sábado, 25 de dezembro de 2010

Efeito.

Queria conseguir ser
Um par tão perfeito
Quanto Vinicius e Tom,
Yoko e John.
Ter a sutilidade que ressoa
Nas palavras de Pessoa
Com o estilo certo
De Álvaro, Ricardo e Alberto.
Ai, quem dera me espelhar
Nas memórias de Miramar
Que o Oswald não deixou escapar...
Não permitir que o tempo avelhaque
A beleza das telas de Georges Braque
Sentir a liberdade que se suprime
Na melodia do Lenine.
E então poder perceber
Que a vida jamais poderia ser
Uma aventura insana
Quando se tem Dylan, Machado e Quintana.
Pois apesar das desventuras
O cotidiano segura
Toda a arte que não se apura
Num piscar desatento de uma mente qualquer.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Questão de Opinião

“Lágrimas não são argumentos” Machado escreveu,
Seriam elas, símbolos ou gotas sem apogeu?
Chaplin insistiu: “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.” Serão elas, agora, combatentes da dor?
Já a depuração de Vinicius dizia: “Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.”
Tornaram-se primazia de uma arte de plena alegria?
Para Alexandre Herculano: “As lágrimas de piedade consolam quando é um amigo que as derrama.” Serão, então, argumentos? Motivos de amizade e acalento?
Shakespeare com sua escrita hiperbólica não deixou escapar de suas definições as lágrimas sem limitações. “O amor (...) é um mar de lágrimas de amantes”. Outro significado, não ainda revelado: Seriam as lagrimas marca de um pecado? Ou condições apaixonadas de um legado?
Mas as lágrimas derramadas saem do dilema,
Quando Pessoa ousa escrever seus inúmeros poemas.
Sua conclusão, não obstante, rendeu tamanha repercussão
Que pode, então, definir todo o esquema da ocasião:
“ Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, até as lágrimas de uma presunçosa nação.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Maravilhosa?

Incessante.
Demasiado berrante
Aflora primavera diamante
Tão ausente de luz,
Tão presente de luta.
Fez-se o rodear ondulatório
da rotina promitente:
Invento de palavra rude,
adúltera e ladra de virtude
Que forma a cerca seca
sufocando o irrespirável.
Afável e lamentante:
Corriqueirismo assaltante.
Bruma negra,
Símio hipócrita insustentável
Tão constante, tão mutável.
Marca do plúmbeo negro que rasga o céu
que jura a paz austera,
que traz a paz mísera.