De repente, pude perceber que nós somos muito mais do que aparentamos ser, encaramos uma desavença do destino que só nos fortificou a cada dia mantendo-nos unidos e amarrados por um laço invisível e estável. Estávamos ali, um de frente para o outro, o mundo todo girando ao redor, mas não importava, todo o necessário estava presente, estava completo.
Ele me toca. Eu sinto. Ele me observa. Eu fecho os olhos. Eu posso perceber que o olhar dele corre por todo meu corpo, não um olhar faminto e selvagem, um olhar digno e puro. Percebo que todo o romance não pode ser mais do que amor. Amor. Amor. Retoma uma pintura renascentista ou uma expressão modernista. Elusivo. Ilusão. Verdade. E para quem diz que palavras em formas de texto não despertam todos os sentidos, enganou-se. Palavras bem ditas, bem direcionadas podem retomar a presença e fazer um instante virar infinito. E é assim que funciona o nosso romance romântico, palavras narram. Nós escrevemos. Nosso destino, nós escrevemos. Serei inteira por ele. Porque aqueles lábios que tocam meus cabelos são os lábios que eu quero que toquem os meus por todo o sempre. Tenho que ser inteira. Serei. Vejo a exatidão e a complexidade do ente à minha frente. Ruborizo. Satisfaço-me. Estou completa. Estou amando.



