quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"Desescandalizante"

Ausentar-me-ei,
Pois a ausência cabe a mim
E não aos outros.
Distanciar-me-ei dos dias corriqueiros
que somam realidade à utopia minha.
Por que no silêncio faz-se reflexão
E reflexão grita atenção.
Se esta vir a falhar,
Falharei inteira.
Ocupar-me-ei com a mais bela
Arte do silêncio.
Manter-me-ei quieta,
pois ouvir satisfaz.
Silencio-me hoje,
Pois, posso vir a gritar.
Estou hoje alguém,
que amanhã não vou estar.
A voz não é oprimida,
é opção.
Se voz ecoa pensamento
Então silêncio não pensa?
A massa grita.
A massa briga.
A massa pensa.
Poucos se aquietam
Não pensam?
Não pensam?
Erro eventual.
A utilidade proporcional
Dos sentidos faciais
É explicação racional.
Irracional-Racional.
Sem mais, aquieto-me.

sábado, 23 de outubro de 2010

Parque de Diversão

Já não consigo mais escapar
dos meus devaneios inebriantes.
Aproxima-se de um labirinto interminável
ou um rua sem esquina.
Tento não pensar em nada
Mas o nada já é tudo
E tudo é o bastante:
Manter-me-ei distante, silenciosa.
Os conceitos da Filosofia, história e postura
furta toda a comportamental censura que
mantinha a razão como o único e equilibrado padrão.
Já não é mais certo: Dúvida.
Já não é mais reto: Curva.
Penso no que penso
Não porque quero pensar.
Tudo me é imposto, obrigado. Mentora? Alma.
Minhas mãos sangram a cabeça
Querendo furtar aquilo que não deixa,
Aquilo que enlouquece.
A insana decisão da reflexão,
Insano roubo do mundo,
da esperança, da expectativa, da opinião.
As minhas expressões já não me traduzem, já não me enganam.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ensaio Vasto Sob Delírio

São os bueiros sujos
Que lavam as bocas da 
Infame sociedade
Com podridão e mau cheiro


Só ironia perversa
Que atinge os ouvidos
Em sons caóticos e 
Gritantemente furtivos


Essência é falsidade
Nos olhos arregalados:
Vê-se somente o desejo


Os moldes sempre mudados
São rabiscados retratos
Do homem robotizado


sábado, 2 de outubro de 2010

Dissuasão;

O olhar era estupendo, como de quem analisava e julgava tudo o que via. Era desconfiado e limpo.
Os olhos não se serravam, pelo contrário, esticavam-se mantendo a pupila ao centro dos olhos.
Uma sobrancelha levemente erguida alimentava o ar de investigação.
Seu olhar trazia certezas e inestimáveis dúvidas. Uma segurança extracorpórea quando na verdade a insegurança era coberta pela negra íris que caracterizava o mais doce e severo olhar.
O que ele procurava? O que ele queria encontrar?
A insatisfação tornava a feição desestabilizada, assim como o segundo que antecede o bote de uma cobra.
Sem mais, sem final, sem voz.
Silêncio e decepção.
Nada ocorria.
Seria a minha incapacidade de interpretação? Seria algo que não conhecia? Seria eu, um antagonismo? Essas perguntas assolavam o espírito.
Incerto. Inquieto. Fúnebre.
Afável? Porque não? Se o espelho em minha frente denunciava a minha grande falha de percepção...