O olhar era estupendo, como de quem analisava e julgava tudo o que via. Era desconfiado e limpo.
Os olhos não se serravam, pelo contrário, esticavam-se mantendo a pupila ao centro dos olhos.
Uma sobrancelha levemente erguida alimentava o ar de investigação.
Seu olhar trazia certezas e inestimáveis dúvidas. Uma segurança extracorpórea quando na verdade a insegurança era coberta pela negra íris que caracterizava o mais doce e severo olhar.
O que ele procurava? O que ele queria encontrar?
A insatisfação tornava a feição desestabilizada, assim como o segundo que antecede o bote de uma cobra.
Sem mais, sem final, sem voz.
Silêncio e decepção.
Nada ocorria.
Seria a minha incapacidade de interpretação? Seria algo que não conhecia? Seria eu, um antagonismo? Essas perguntas assolavam o espírito.
Incerto. Inquieto. Fúnebre.
Afável? Porque não? Se o espelho em minha frente denunciava a minha grande falha de percepção...

 
O que posso dizer? Não me sobra palavras. Você usou as melhores, procuro nas dobras da escrita uma palavra mais intensa. Não acho.
ResponderExcluirResta-me dizer mesmo sem voz...
O espelho mente. Embora denuncie. Estranho?
...Brilhante!
Mariana Lispector.
...Brilhante!