sábado, 25 de dezembro de 2010

Efeito.

Queria conseguir ser
Um par tão perfeito
Quanto Vinicius e Tom,
Yoko e John.
Ter a sutilidade que ressoa
Nas palavras de Pessoa
Com o estilo certo
De Álvaro, Ricardo e Alberto.
Ai, quem dera me espelhar
Nas memórias de Miramar
Que o Oswald não deixou escapar...
Não permitir que o tempo avelhaque
A beleza das telas de Georges Braque
Sentir a liberdade que se suprime
Na melodia do Lenine.
E então poder perceber
Que a vida jamais poderia ser
Uma aventura insana
Quando se tem Dylan, Machado e Quintana.
Pois apesar das desventuras
O cotidiano segura
Toda a arte que não se apura
Num piscar desatento de uma mente qualquer.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Questão de Opinião

“Lágrimas não são argumentos” Machado escreveu,
Seriam elas, símbolos ou gotas sem apogeu?
Chaplin insistiu: “Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.” Serão elas, agora, combatentes da dor?
Já a depuração de Vinicius dizia: “Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.”
Tornaram-se primazia de uma arte de plena alegria?
Para Alexandre Herculano: “As lágrimas de piedade consolam quando é um amigo que as derrama.” Serão, então, argumentos? Motivos de amizade e acalento?
Shakespeare com sua escrita hiperbólica não deixou escapar de suas definições as lágrimas sem limitações. “O amor (...) é um mar de lágrimas de amantes”. Outro significado, não ainda revelado: Seriam as lagrimas marca de um pecado? Ou condições apaixonadas de um legado?
Mas as lágrimas derramadas saem do dilema,
Quando Pessoa ousa escrever seus inúmeros poemas.
Sua conclusão, não obstante, rendeu tamanha repercussão
Que pode, então, definir todo o esquema da ocasião:
“ Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, até as lágrimas de uma presunçosa nação.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Maravilhosa?

Incessante.
Demasiado berrante
Aflora primavera diamante
Tão ausente de luz,
Tão presente de luta.
Fez-se o rodear ondulatório
da rotina promitente:
Invento de palavra rude,
adúltera e ladra de virtude
Que forma a cerca seca
sufocando o irrespirável.
Afável e lamentante:
Corriqueirismo assaltante.
Bruma negra,
Símio hipócrita insustentável
Tão constante, tão mutável.
Marca do plúmbeo negro que rasga o céu
que jura a paz austera,
que traz a paz mísera.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Citereia

Acordo toda manhã
Só para olhá-la ao meu lado.
Teu segredo foi fatal...
Dilacera os meus dias
Desejando as manhãs.
Não nego sua beleza durante o dia,
Mas são nas manhãs que meu corpo e minha mente reapaixona, reapaixona, reapaixona.
Quem diria eu ser prisioneiro da beleza de uma mulher?
Um boêmio aventureiro
Preso à egoístas devaneios.
Jamais imaginei amar somente uma. E que uma...
Seu cabelo desalinhado,
Armado levemente como um felino arrepiado
É contornado pelo sol que reflete meu olhar

A melhor parte é que posso tocá-lo, acariciá-lo 
Policiando-me para não alterar a forma original.
Os olhos semi cerrados traz todas as cores do mar:
O esverdeado aquoso das águas mais puras;
O azul intenso refletido ao céu limpo;
Entretanto, o cinza áspero e angelicalmente malicioso das tempestades litorâneas.
Ah... Esse olhar que me seduz.
No início, nas primeiras manhãs, assustava-me. 
Todos aqueles tecidos gregos envoltos na Vênus mais bela dos reinos.
Sua boca, seca, avermelhada escondia o sabor da manhã que insistia em beijar-me.
Jamais teria forças para, um dia, afastá-la.
Sua pele em cor homogênea e pálida trazia a perfeição e o mistério das esculturas mitológicas
Exceto pela temperatura: Ao invés de gelada e petrificada é quente e convidativa.
Vejo-me diante daquele corpo,
Que nunca serei o dono.
Contudo, o fado que serve é em demasia satisfatório.
Sua assaz sutileza serve como uma droga, um vício
De tê-la e vê-la por todos os dias que a lua partir e trazer o sol
O meu sol
Tão belo, tão vivo, tão quente, tão dela...
Tão quadrado. 

Oscar Bernardes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Feriado

Solidão.
Essa é a farda que me serve.
Um destino enfadonho e frívolo
que não contempla igualdades.
Sozinha:
Como uma melodia que toca ao som de uma boca alheia.
Tão alheia e quase imperceptível
onde os gritos de socorro não são ouvidos
pois são aceitos.
Visto o que me serve
e assim sigo só. Só e tão só.
Como um destino manifesto fincado em minh'alma,
Como um diamante errante na mão de uma viúva amarga.
Vejo o som que nunca cala.
Ouço o cheiro que me cheira.
É quieto. É curto. É longe.
Estou, não estou?
Sou, não sou?
Sei lá. Quem sabe?
Hoje: sozinha.
Amanhã serei eu com o ser Sozinha.
E assim incessantemente:
Sozinha e eu,
Eu sozinha.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Galanteio;

Anseio louco que vara a mente,
Palavras túrgidas que saem dela.
Entre a insanidade e o desespero
Quase posso ver
O grito que se esconde na noite:
Áspero, negro e amargo
Que cala os olhos em um breve
Sussurro bravo que impõe a malícia
Ou suspiro longo que lamenta o medo.
Meche. Implora. Prende.
Não reage aos anseios ludibriantes
Que enganam os movimentos.
O desejo do fim não é tão sedutor
Quanto a promessa de tentativa.
Luxúria plena: Irresponsável-Responsável.
Interpretação vã que não amplifica razões.
Intuito desperdiçado pela conquista alheia.
Relação quebrada. Futuro misterioso
No íngreme caminho
Que cansa os olhos em um breve
Arfar de pensamentos.



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"Desescandalizante"

Ausentar-me-ei,
Pois a ausência cabe a mim
E não aos outros.
Distanciar-me-ei dos dias corriqueiros
que somam realidade à utopia minha.
Por que no silêncio faz-se reflexão
E reflexão grita atenção.
Se esta vir a falhar,
Falharei inteira.
Ocupar-me-ei com a mais bela
Arte do silêncio.
Manter-me-ei quieta,
pois ouvir satisfaz.
Silencio-me hoje,
Pois, posso vir a gritar.
Estou hoje alguém,
que amanhã não vou estar.
A voz não é oprimida,
é opção.
Se voz ecoa pensamento
Então silêncio não pensa?
A massa grita.
A massa briga.
A massa pensa.
Poucos se aquietam
Não pensam?
Não pensam?
Erro eventual.
A utilidade proporcional
Dos sentidos faciais
É explicação racional.
Irracional-Racional.
Sem mais, aquieto-me.

sábado, 23 de outubro de 2010

Parque de Diversão

Já não consigo mais escapar
dos meus devaneios inebriantes.
Aproxima-se de um labirinto interminável
ou um rua sem esquina.
Tento não pensar em nada
Mas o nada já é tudo
E tudo é o bastante:
Manter-me-ei distante, silenciosa.
Os conceitos da Filosofia, história e postura
furta toda a comportamental censura que
mantinha a razão como o único e equilibrado padrão.
Já não é mais certo: Dúvida.
Já não é mais reto: Curva.
Penso no que penso
Não porque quero pensar.
Tudo me é imposto, obrigado. Mentora? Alma.
Minhas mãos sangram a cabeça
Querendo furtar aquilo que não deixa,
Aquilo que enlouquece.
A insana decisão da reflexão,
Insano roubo do mundo,
da esperança, da expectativa, da opinião.
As minhas expressões já não me traduzem, já não me enganam.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ensaio Vasto Sob Delírio

São os bueiros sujos
Que lavam as bocas da 
Infame sociedade
Com podridão e mau cheiro


Só ironia perversa
Que atinge os ouvidos
Em sons caóticos e 
Gritantemente furtivos


Essência é falsidade
Nos olhos arregalados:
Vê-se somente o desejo


Os moldes sempre mudados
São rabiscados retratos
Do homem robotizado


sábado, 2 de outubro de 2010

Dissuasão;

O olhar era estupendo, como de quem analisava e julgava tudo o que via. Era desconfiado e limpo.
Os olhos não se serravam, pelo contrário, esticavam-se mantendo a pupila ao centro dos olhos.
Uma sobrancelha levemente erguida alimentava o ar de investigação.
Seu olhar trazia certezas e inestimáveis dúvidas. Uma segurança extracorpórea quando na verdade a insegurança era coberta pela negra íris que caracterizava o mais doce e severo olhar.
O que ele procurava? O que ele queria encontrar?
A insatisfação tornava a feição desestabilizada, assim como o segundo que antecede o bote de uma cobra.
Sem mais, sem final, sem voz.
Silêncio e decepção.
Nada ocorria.
Seria a minha incapacidade de interpretação? Seria algo que não conhecia? Seria eu, um antagonismo? Essas perguntas assolavam o espírito.
Incerto. Inquieto. Fúnebre.
Afável? Porque não? Se o espelho em minha frente denunciava a minha grande falha de percepção...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"Sereníssima"

Era um mundo de sensações.
O arrepio, como resposta do sistema nervoso, estimula cada centímetro do corpo que se estica tentando romper os limites da pele.
E o espaço fez-se pequeno, e tudo era passagem. Só valia o momento.
Fechando os olhos, mil lembranças atropelam a mente e sem criar vínculos vê-se a inestimável importância de viver.
Quando o corpo descansa não há movimento. Não há recompensa. Ou não, isso tudo é recompensa. 
No silêncio e no escuro a respiração incontrolável torna-se um incômodo, torna-se alta, torna-se orquestra. O ruído que o ar faz ao invadir os pulmões pode ser o suficiente para romper uma intensa linha de pensamento.
Assim não é possível! A morte talvez seja silenciosa. A morte é! Ela aquieta a respiração e rompe a corda de pensamentos. E tudo vira nada, e nada vira tudo. 
Há quem viva a vida com morte, porém, há quem viva com vida.
Estar vivo não é promessa de vida.
Captar o mundo das sensações é uma promessa de vida, e essas sensações são muito mais do que cinco unidades corporais. 
O arrepio cessa. A calmaria reabsorve o corpo que se fez vivo pela mais intensa arte de conhecimento: a ereção articuladora dos dons sentimentais. 

"Nua, mas para o amor não cabe o pejo" Olavo Bilac 

sábado, 25 de setembro de 2010

A chuva do sexto dia.

Dedicação, cansaço e trabalho infelizmente
não são sinônimos de qualidade...
É a injustiça em sua forma mais primitiva,
englobando a mais intensa arte da natureza:
O homem.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brilho eterno de uma mente sem lembranças;

Inconsciente, Inconseqüente:
Risca e trisca  o fogo imenso
Dentro de um mundo sem senso
Que mata e reprime as perspectivas
Lidas, tidas e mantidas, um dia, como o centro.
Era uma vez...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quem sabe?

Se me perguntassem se acredito em Deus,
eu diria: Não sei.
Se me perguntasse se eu não acredito em Deus,
eu diria: Não sei.
E essa ausência de definição
Não atinge o ego da minha curiosidade.

domingo, 19 de setembro de 2010

A caverna'

Finjo a complexidade em mim
A cada parte, sem beleza, sem arte
Milhões de curvas mal direcionadas
Compõe um íntimo vazio e perdido

Não quero ser vazia.
Não posso ser perdida.
Concentro todos os meus sonhos.
Quem lê, lembra-se de todos os sonhos que nunca tive

Busco. Não entendo.
Não consigo ser mais, mas sou tudo.
Procuro por todo um caminhar
Um grito de compreensão a se concretizar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010


É como a paixão: quando tudo pode se transformar no mais requintado suspiro de satisfação.

sábado, 11 de setembro de 2010

Insanity tasty;

O seu jeito trivialmente eloqüente 
Esquenta a alma: dona dos olhos observadores que queimam ao pecado seu.
Inocência não havia,
hostilidade sã, encoberta por vagarosa sedução proposital. 
Instintos nervosos colaboravam para arder chamas infiéis que dissimulavam o ente peculiar.
Uma insanidade saborosa.
Delicadamente ligada à instabilidade fácil que recheia o bote saudável do desejo.
‘teus sóis me acendem logo a chama e chamam’.


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A fuga obscura;


Pelas Ruas já não vejo os lenços de Afrodite que cobriam os olhos humanos.
À noite, os poderes de Morfeu tomam a cidade, nada se vê.
O escuro que substitui os rostos cansados não é tão tenebroso quanto as expressões que não se realizaram.
Povos desacreditados, deixaram a sua felicidade escapar.
Os sorrisos possíveis são aqueles que se dão quando não se entende algo e finge que entende.
Os Deuses abandonaram as almas quando elas os deixaram escapar de suas crenças.
Sem esperança. Sem força.
Vejo tudo, me vejo sozinha.
Sem mais, sem ninguém, sem tudo, sem nada, sem palavra.

sábado, 4 de setembro de 2010

Crônicas do dia noturno''

O dia está à tona. Correria, atraso. Um passo do desespero.
Na rua, operários, advogados, mendigos, putas. Milhões de funções se misturam dentro das ruas. Ruas. Ruas? As mais diversas avenidas, calçadas, meios fios. Avenida Paulista –todo o dia- um poço de mentes, de todas as mentes que integram a sociedade.
Sociedade? Seis bilhões e meio de pessoas dispersadas no espaço integral de 5 continentes mundiais.
Não ao mesmo tempo, não na mesma hora, mas há um ponto peculiar, essencial que une as culturas: O ponto Off.
Off? Para retomar todo o laço que agarra a tecnologia ao cotidiano. Ponto Off? Ponto Off! Desligado. Ausentado. Parado. Sono.
A sociedade para. A sociedade dorme. Os operários, os advogados, os mendigos e as putas.
Putas dormem? Putas dormem.
O sonho mais profundo que retoma os dias, os desejos e os medos.
O momento em que todos desligam, apagam. Como quando o fogo da paixão é apagado com o banho de possíveis desperdiçadas vidas, que vão dormir eternamente, enquanto seus feitores dormirão, apagarão após ter entreguem todas as forças. Ou como uma máquina que produziu todo o dia ou toda a noite. 24 horas? Não, não somos máquinas.
O sono junta as forças e as apaga. O ponto Off.
A cama: uma breve parte de um quarto, um departamento público, ao lado da janela de um hospital, em cima de um papelão em alguma rua fria que guarda mentes.
Somos uma bateria que precisa ser carregada, uma bateria que desliga, fica inativa. A cama nos guarda. O sono nos leva. A noite? Passou. Agora volta o stress unido à busca da conquista presente nos sonhos de toda uma noite. Somos borboletas.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

shhh


"Política é o silêncio por traz da fala. A arte secreta de persuadir o instinto inconsciente."

terça-feira, 31 de agosto de 2010

.Manhã de Sol.

Ele se estica, espreguiça como um urso acordando de um sono mensal. Envolve o corpo por entre os lençóis púrpuros que compõe um jogo de serenidade e simplicidade. Os olhos como querem abrir, o nariz já podendo sentir o aroma de um novo dia, e o azul já pode ser visto. Eu ali parada querendo somente observar a magia que existe nos detalhes corriqueiros que passam despercebidos, normalmente. Mas ali, era o mais importante, o mais inacreditável, o mais apaixonante. Os dedos dele, inseguros, decorreram sobre a superfície do meu rosto num espaço dos olhos até a boca, descendo levemente até a minha mão, onde segurou forte, tão forte que parecia um gigante ao lado de uma formiga. Naquele momento era a pele na pele que demonstrava a intensidade que circulava por entre os corpos. Os olhos nos olhos misturavam as cores mais diversas formando um arco-íris de sensações que podia explicar e interpretar qualquer sentimento que existisse de um pelo outro.
De repente, pude perceber que nós somos muito mais do que aparentamos ser, encaramos uma desavença do destino que só nos fortificou a cada dia mantendo-nos unidos e amarrados por um laço invisível e estável. Estávamos ali, um de frente para o outro, o mundo todo girando ao redor, mas não importava, todo o necessário estava presente, estava completo.
Ele me toca. Eu sinto. Ele me observa. Eu fecho os olhos. Eu posso perceber que o olhar dele corre por todo meu corpo, não um olhar faminto e selvagem, um olhar digno e puro.  Percebo que todo o romance não pode ser mais do que amor. Amor. Amor. Retoma uma pintura renascentista ou uma expressão modernista. Elusivo. Ilusão. Verdade. E para quem diz que palavras em formas de texto não despertam todos os sentidos, enganou-se. Palavras bem ditas, bem direcionadas podem retomar a presença e fazer um instante virar infinito. E é assim que funciona o nosso romance romântico, palavras narram. Nós escrevemos. Nosso destino, nós escrevemos. Serei inteira por ele. Porque aqueles lábios que tocam meus cabelos são os lábios que eu quero que toquem os meus por todo o sempre. Tenho que ser inteira. Serei. Vejo a exatidão e a complexidade do ente à minha frente. Ruborizo. Satisfaço-me. Estou completa.  Estou amando.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

pedaço*

"...Foi quando pude perceber que nada mudaria o fato de que mesmo antes de conhecer-te, amava-te loucamente, e é isso que eu amo quando te amo, a sua constância perdurada ao meu ser..."

domingo, 8 de agosto de 2010

Deslumbre frígido;


E é isso. A noite está fria. Aquele Homem se revira por entre as cobertas procurando um corpo quente que possa ater os arrepios gelados que fisgam seu corpo. Nada encontra. A dor que o toma não é somente aquela que a friagem causa, enrijecendo os músculos, é a dor do vazio, do nada, da falta.

Três dias atrás ainda poderia sentir o afago entre os braços, o calor extracorpóreo que acalma os nervos, a respiração quente e suave que trazia o sinal da vida. Resumia aquele momento em um devaneio eloqüente que trazia o sentido de tudo. A cada suspiro que ouvia podia também notar o ar dentro dos pulmões, o que lhe mantém vivo, o sustento.

A lembrança inócua ardia-o a todo o momento. Os fios áureos que caiam sobre a arcana esmeralda verde que brilhava na sua expressão, enamoravam o cérebro do Homem que frente àquela cena tão nívea, submetia a sua existência. Era tudo, era o centro, era a razão.

Por querer do destino ou por um simples acaso, todo o cerne estrutural foi-se junto ao sangue que escorria. Ela não estava mais ali. Seu corpo estava. Sua alma não. Havia partido pra uma melhor, ou como queiram definir todas as seitas religiosas, mas nada disso importava. O sentimento do amor quebrado, da falta de ar, da falta de motivo, isso importava, e nada explicava.

Ele relutou pra não cair nas presas agudas da dor, mas estava difícil. As coisas foram se perdendo e então ele se sentiu como um pássaro que teve suas asas cortadas. Ou como uma hiena isolada. Sem influência, sem alicerce.

Aquela noite era fria, trazia nela as lembranças que recatavam seus sentimentos. Os travesseiros por entre as curvas corporais não preenchiam o lugar que ali faltava. Ele chorou, chorou como uma criança que tem seu pedido negado, como um jovem cãozinho que passa uma noite na neve, chorou como um homem que perde sua mulher. E aquele Homem perdeu a Mulher. E aquela noite, estava fria.

...a little more.

'sou o antagonismo dentro de mim,
a dúvida mais cruel se resume a minha existência,
o paradoxo envolve os meus pensamentos
em devaneios e sentimentos'


'Do mundo, a falta chega.
Tira o sentido da presença.
Guarda a dor e o sentimento da ausência.'





segunda-feira, 26 de julho de 2010

a little about us;




Five nights I dream of you
remembering our times, as is true
losing me with your beautiful blue
without knowing how or why, I love you

searching in the dark of night
amid the blight
find your face bright
that makes me gain any big fight

Need you by my side
will be our hideout
And nothing will chide
our feelings, they are sprout

terça-feira, 13 de julho de 2010

.Simbolismo.

Ante aquela situação, espantei-me!
Como pode um coração, um corpo, uma mente tornar-se muito mais vivo e expressivo após ouvir o suave veludo da sua voz. Como pode?
Como o pode o corpo aquecer-se na velocidade da luz somente por ouvir um “eu te amo” sincero e perceber que os pés que dentro dos calçados permaneciam congelados querem agora correr um raio de 600 km para alcançar os seus olhos azuis que derretem as memórias passadas abrindo espaço para o calor do presente. Como pode?
Como pode um simples “meu bem” fazer renascer a disposição que já havia padecido envolvendo-a em um coração esfaimado pelo seu amor, deixando o corpo contorcer-se em mil moldes de saudade. Como pode?
Como pode ser justo um ser encontrar sue bem querer tão distante da sua rotina, mas mais curioso é perceber que mesmo longe uma pessoa pode estar viva no coração de outra e presente em casa segundo das ações corriqueiras que a convivência demanda.
Afinal, como pode alguém saber o que é amar sem sentir bem no fundo a musicalidade simbolista presente na poesia da saudade?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

18 de Junho

Como é engraçado
Esse instinto apaixonado
Retomando todo o passado
Num lampejo exagerado

Amar é uma retórica inconstante
Um devaneio semelhante
à um coração distante
Que se aprofunda ao nascer do sol

Te sentir de perto
Interromper com os lábios o seu dialeto
Com um beijo esperto
É o meu íntimo concreto que se expande e expõe-se ao enlouquecer com o azul dos olhos teus;

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Noite Fantasia

Como dar tanto poder aos dias?
As malas ainda estão vazias
E a saudade é imensa
Quando o amor é a crença

Como pode as horas nos separar?
E já é difícil esperar
Diante de dois corpos apaixonados
Que desejam cruzar os estados

Disposto a um frenesi
Declaro os meus sentimentos a ti
Que soam como um fandango
Adicionado ao calor do tango

domingo, 6 de junho de 2010

Estação

Tenho o corpo em paz
E os cabelos ao vento
Ouço o canto que o pássaro faz
Fecho os olho, sinto o momento.

Tão longe do movimento
E perto da cidade
Encontro dentro de mim
O silêncio da verdade

Pois quando tudo parece perdido
Basta um lápis e papel
As palavras de um amigo
Para rabiscar o azul do céu

E quando o tênis já esta gasto
E a cabeça uma confusão
E só fugir para o espaço
Que acalma o coração

E para calar os gritos
E secar o olho
Fez-se um leal sorriso
E um brinde com o sonho

Com as forças renovadas
A esperança está armada
Tamanha força da espada
Que protege a direção

E diante de tantos caminhos
Aprendi aqui sozinho
Que todos vão brilhar
Se a canção não parar

Basta um som ou um ruído
Para afastar o perigo
Que chega em um vagão
Aqui nessa estação...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Soneto do Destino

E do destino fez-se o amanhecer
Pois da vida despertou-se o crescer
E como numa explosão de vontade
O coração trincou-se de saudade

No conjunto das ideias  latentes
Sentidos fizeram-se convergentes
Diante de um grande mundo eloqüente
O juízo fez-se fuga veemente

Quando seu olhar virou influência
Nossa prosa deixa a experiência
Enlouquecendo a estável coerência

E então, Diante dessa distância
A vida vira conto de criança
Cujo mote do destino é a esperança.

*Dedicado.

terça-feira, 25 de maio de 2010

"Gramática Ilustrada"

Por descuido, acaso, ou simples coincidência vi duas reportagens hoje que de formas divergentes tratavam sobre o tema da Coerência. Como carreira, ou como história a coerência sempre se fez importante, e explorando ambos os contextos resolvi escrever um pouco sobre o assunto convergindo os ideais acolhidos até então.
A coerência de um comportamento é interpretada equivocadamente se vista e estudada de forma limitada, por exemplo: Se há coerência na escrita de alguém, na fala ou nos atos... O erro está no momento em que passamos a observar uma outra definição pelo que se está analisando. Uma definição mais superficial diria que a coerência é a recíproca aderência que tem entre si todas as partes de um corpo. Dessa forma, então, nota-se que uma análise coesiva de um ser é dada por um conjunto de sentidos no qual se engloba tanto a escrita quanto os atos e a fala, de forma que englobando-os formam um só corpo e dele será tirado a real análise querida. 
A partir da arte de ter nexo pode-se ampliá-la em diversos campos, como por exemplo na carreira, na confiança e no poder.
Torna-se até gozado se começarmos a prestar atenção nesse único corpo dos sentidos quando percebermos  o quanto o mundo da política falha com a tal coerência. O quão é incoerente os atos baseados das falas e estas por sua vez baseada nas leis. Esse vai e vem político fere a integridade, não só gramatical, mas também moral do ser humano. 
O segredo, talvez, eles, políticos, ainda não tenham descoberto, que é algo simples e fácil (ou não): Aplicar a coerência no universo da fala, escrita e ação.(É válido ressaltar que não prego a veracidade do que é dito pelos políticos, mas sim a integridade dos interesses -qualquer- unidos tanto na fala quanto nos atos.) Se com êxito o esquema ocorrer, teremos um grande resultado, e este por sua vez, não é só a confiança nacional mas também a social, agregando, então, bons hábitos, melhor convívio e maior segurança no país em que vivemos, devido simplesmente a um jogo da mais complexa e simples gramática.

domingo, 23 de maio de 2010

Ato Diligente.

"E de repente o incondicional fez-se mais que necessário
Fez da vida, do instante, um doce aniversário
Fez do crescer um  diligente ato contrário
Que renasceu a infância remota do missionário

Da arte, do ser, encontrou-se o poder
De ler e entender as indulgências presas no dizer
Que assola as maldades de fora
E credencia a alma que purificada vigora

Ardendo de calor
E bem longe da dor
o corpo que brotou
Sabe que agora, sua vida, seu silêncio, seu pesar, seu instinto é ser indubitavelmente o representante crescente do amor..."

sábado, 22 de maio de 2010

IV Festival Internacional de Poesia

Ocorrido em Dois Córregos, interior de São Paulo, esse evento contou com a presença de poetas e escritores de todo o país e também de convidados internacionais. Teve como a estrela do evento o escritor, compositor e cantor: Gabriel, O pensador, sua palestra durou aproximadamente duas horas onde, nós, convidados, pudemos conhecer sobre a sua carreira e vida, acompanhado de poemas encantadores do artista. Houve workshops e oficinas de poesias, palestras, e deliciosos coffe-breaks.
Acima de todos os objetivos o evento visa incentivar a poesia na vida das pessoas, uma expressão artística que mistura sentimentos com verdades, fantasias com realidade, palavras com paixão. Define-se poesia como a arte de fazer obras em verso, e arte é um preceito pessoal que engloba todas as formas de pensar, expressar e sentir.
Inspirada com todo esse evento, deixo uns singelos versos de minha autoria:
"Inspirada com a alma
escrevo de forma prudente
palavras que encorporam com calma
e fixam-se na mente..

De um jeito inocente 
que nao erra nem mente
palavras frementes
que entorpece e delira o ente vivente"




E para finalizar com chave de ouro, deixo com orgulho as palavras do nosso querido Vinícius de Moraes que se enquadram perfeitamente com o meu primeiro post de muitos que ainda virão.

"Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo"