Acordo toda manhãSó para olhá-la ao meu lado.
Teu segredo foi fatal...
Dilacera os meus dias
Desejando as manhãs.
Não nego sua beleza durante o dia,
Mas são nas manhãs que meu corpo e minha mente reapaixona, reapaixona, reapaixona.
Quem diria eu ser prisioneiro da beleza de uma mulher?
Um boêmio aventureiro
Preso à egoístas devaneios.
Jamais imaginei amar somente uma. E que uma...
Seu cabelo desalinhado,
Armado levemente como um felino arrepiado
É contornado pelo sol que reflete meu olhar
A melhor parte é que posso tocá-lo, acariciá-lo
Policiando-me para não alterar a forma original.
Os olhos semi cerrados traz todas as cores do mar:
O esverdeado aquoso das águas mais puras;
O azul intenso refletido ao céu limpo;
Entretanto, o cinza áspero e angelicalmente malicioso das tempestades litorâneas.
Ah... Esse olhar que me seduz.
No início, nas primeiras manhãs, assustava-me.
Todos aqueles tecidos gregos envoltos na Vênus mais bela dos reinos.
Sua boca, seca, avermelhada escondia o sabor da manhã que insistia em beijar-me.
Jamais teria forças para, um dia, afastá-la.
Sua pele em cor homogênea e pálida trazia a perfeição e o mistério das esculturas mitológicas
Exceto pela temperatura: Ao invés de gelada e petrificada é quente e convidativa.
Vejo-me diante daquele corpo,
Que nunca serei o dono.
Contudo, o fado que serve é em demasia satisfatório.
Sua assaz sutileza serve como uma droga, um vício
De tê-la e vê-la por todos os dias que a lua partir e trazer o sol
O meu sol
Tão belo, tão vivo, tão quente, tão dela...
Tão quadrado.
Oscar Bernardes